segunda-feira, 29 de junho de 2009

Como desenvolver a zona rural: o exemplo da Coreia do Sul



Seguimos os relatos sobre o desenvolvimento econômico da Coreia do Sul com vistas ao que pode-se aproveitar para nossa região.

Pois bem, um dos efeitos ruins da forte industrialização coreana foi uma espécie de descaso com as áreas rurais. Até 1970, 80% do interior só possuía casas com telhado de palha. Eletricidade nem pensar. Para piorar, uma grande cheia em 1969 inundou boa parte do país, tornando ainda mais dramática à situação das pessoas no campo.

A destruição causada grande enchente motivou as pessoas a reconstruírem suas casas, rodovias e pontes por conta própria, de forma comunitária e sem a ajuda do governo.

O então Presidente Jung Hee Park inspirou-se nestas iniciativas para criar um programa que promovesse incentivos às comunidades com iniciativas próprias. O princípio era ajudar aqueles que sabiam como cooperar entre si. Daí foi criado o programa Saemaul Undong, ou Novo Movimento Comunitário.

Esta grande idéia começou pequena. O próprio governo coreano não possuía grandes recursos. Estamos falando de 35 mil comunidades coreanas recebendo 355 sacos de cimento cada uma. Em contrapartida, as comunidades comprometiam-se em realizar obras como ampliar estradas, melhorar telhados das residências, pontes, sistemas de água potável, e demais obras de uso comum. Todos os projetos eram decididos pelo conselho comunitário e executados com mão-de-obra local.

Caso uma determinada vila apresentasse resultados positivos, no ano seguinte recebiam mais 500 sacos de cimento e 1 tonelada de aço para prosseguir suas obras. Como resultado, aos poucos o interior transformou seu cenário antiquado em um novo visual urbanizado e desenvolvido. A população ganhou autoconfiança ajudando a si mesma.

Com mais infra-estrutura, o interior começou a render mais. Já em 1974, obtiveram-se recordes em produção rural. Começaram então mais investimentos em educação. Modernizar velhas técnicas de produção e focar em culturas lucrativas como cogumelos e tabaco. Construir estufas comunitárias para produzir no inverno, investir em aves, suínos, pescado... enfim, agregar mais valor.

Outro ponto importante foi a construção de fábricas no interior (chamadas de Saemaul factories) para absorver a mão-de-obra feminina com o intuito de aumentar a renda das famílias.

Em 5 anos, o Saemaul Undong fez a renda das áreas rurais ultrapassar a renda da zona urbana. Em 1978, 98% das comunidades tornaram-se independentes economicamente. Deu certo!

Ainda temos muito a contar sobre os detalhes deste programa que perdura até hoje no interior da Coreia do Sul. Nos próximos posts saberemos mais sobre os segredos do Saemaul.

Mande seus comentários!

Um grande abraço.

Um comentário:

  1. Excelente matéria, Daniel. Este exemplo coreano (de eficácia comprovada) pode ser muito aproveitado pelos municípios do Vale do Caí. O segredo é ajudar mais as comunidades que se ajudam. Assim elas são mais motivadas a trabalhar. E as outras, mais descrentes e acomodadas, acabarão seguindo o exemplo das mais dinâmicas.Vamos fazer o possivel para transmitir esta idéia aos nossos governantes municipais.

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