sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

308 - Uma herança desprezada

A língua alemã, trazida para o Vale do Caí há quase dois séculos, ainda se preserva na região
                                                                                                    Texto de Luiz Fernando Oderich

A cada quatro anos, tenho um encontro marcado com minhas origens. Em Freiburg, sul da Alemanha, ocorre uma feira internacional a qual compareço por motivos profissionais. O mundo encontra-se lá. Nos corredores, esbarramos em russos, chineses, africanos, a própria Nações Unidas. Para mim, um vexame com hora marcada, pois tenho sobrenome e cara de alemão, mas falo muito mal a língua de meus avós. Pior, vejo muitas dessas pessoas a meu lado, de tantas origens diferentes, vários deles conversando fluentemente naquela língua estrangeira em que eu deveria ser fluente. Morro de vergonha.
Pouco importa minha idade, 62 anos, se há algo a corrigir, sempre é tempo para tentar. Estive agora em outubro, numa linda cidade medieval, chamada Schwäbisch Hall onde frequentei aulas no Goethe Institut. Meus colegas eram da Coréia do Sul, da Hungria, da Austrália, da Turquia, do Egito, dos Estados Unidos, da Itália. Em outras salas havia chineses, russos, tailandeses. Não sei ao certo quantas nacionalidades.
Afinal por que tanta gente ainda estuda essa língua, quando o inglês parece dominar tudo? Aí você começa a apreciar as estatísticas. Na comunidade europeia, o alemão é a segunda língua mais falada e a segunda mais estudada como língua estrangeira. A segunda, sim, há o dobro de pessoas estudando alemão do que o espanhol.
 O que está por trás de tudo isso chama-se TECNOLOGIA, RIQUEZA, OPORTUNIDADES. Um país com pouco mais de oitenta milhões de habitantes até um ou dois anos atrás ocupava o primeiro lugar de maior exportador do mundo. A perda para a China é recente, e ainda preserva o segundo posto. Os asiáticos, expertos, inundam as salas de aula do Goethe.
Enquanto isso, em nossa região, toda essa cultura está morrendo rapidamente. Há muitos mitos sobre a cultura e a língua alemã. Há até quem acredite que as garrafas de vinho branco sejam azuis. Não vi uma única sequer. Outros dizem que a língua seja difícil, e assustam-se com aquelas palavras enormes.
O ser humano teme o desconhecido. Quando começamos a nos familiarizar, vemos que difícil mesmo é a língua portuguesa. O alemão procura construir novos conceitos, usando o que já conhece. Vejam as palavras: o sapato ( der Schuh), a luva  (der Handschuh – o sapato da mão) e o chinelo ( der Hausschuh – o sapato que usamos em casa).
Melhor de tudo. Hoje em dia, pela internet, podemos apreender muito e absolutamente de graça. Inclusive a pronúncia. O caminho é bem fácil . Procure em cima o ícone “Deutsch Lernen”, a seguir “Deutsch Üben im Web” e depois “Aufgaben”. Há muitos e divertidos exercícios para todos os níveis. Desde o iniciante até o mais avançado. Aproveite, ensine seus netos.


Luiz Fernando Oderich é empresário bem sucedido, diretor empresa Max Metalúrgica. É autor de vários livros e criador da ONG Brasil sem Grades, que procura soluções para o problema da violência que mata tantos jovens brasileiros. Neste artigo, Luiz Fernando enfatiza a necessidade de preservarmos o domínio da lígua alemã. Um verdadeiro tesouro que precisamos valorizar e preservar.

307 - Municípios do Vale do Caí em fase de grande desenvolvimento


Clique sobre as tabelas para ver melhor
O progresso é alcançado através do conhecimento e a forma mais rápida de chegar a ele é aprender com aqueles que sabem mais do que nós.
O Vale do Caí tem a rara vantagem de contar com um município que é exemplo de sucesso para mundo. Um case quase surpreendente. Quase inacreditável. Provavelmente nenhum município do mundo conseguiu sucesso tão rápido e espetacular. Em apenas duas décadas, a renda per capita de Tupandi saltou de 750 para 37.547 dólares.
As lições de Tupandi são claras: administração austera (evitando empreguismo e gastos supérfluos) e adoção de um plano estratégico de desenvolvimento viável e executado com eficiência e persistência.
INTEGRAÇÃO
O boom de desenvolvimento de Tupandi aconteceu depois que o prefeito Hilário Junges, no ano de 1994, implantou no município o sistema de forte incentivo à produção de aves e suínos.
Ele viajou até o oeste catarinense para conhecer melhor o sistema de integração entre uma grande indústria frigorífica, que funciona  como integradora, e o produtor rural, que é o integrado.
Este sistema já era muito avançado no Oeste Catarinense, onde surgiram os frigoríficos Perdigão (em 1940) e o Sadia (em 1944).
Em Montenegro já havia o frigorífico Frangosul e Hilário, encantado com o que viu em Santa Catarina, resolveu apostar todas as suas fichas no desenvolvimento de aviários e pocilgas dentro do regime de integração. Desde então, grande parte dos recursos da prefeitura foram destinados ao incentivo a colonos na construção de aviários e pocilgas. Mesmo que para isso tenham sido adiados outros investimentos e o atendimento a outras aspirações do povo.
A aposta deu cem por cento certo e hoje se pode ter certeza disso. Que diria, há 18 anos, que o pobre distrito de Bom Princípio que começou a sua vida emancipada em 1989 teria hoje mais capacidade produtiva do que a rica, culta, abnegada e tecnológica Alemanha?
E foi a produção integrada de aves e suínos que fortemente incentivada e conduzida pela administração municipal que produziu esse milagre.
A tabela do PIB per capita não deixa dúvida quanto à grande virtude da agropecuária integrada sobre o outro modelo de desenvolvimento, focado na indústria.
Nos anos de 2009 e 2010, já sob o governo do prefeito Mano Kercher, Tupandi teve crescimento extraordinário do seu PIB. Nada menos que 36 % ao ano. Com esse percentual de crescimento o município leva pouco mais de dois anos para dobrar o seu PIB. Ou seja, em pouco mais de dois anos Tupandi dobra o tamanho da sua economia. Mano Kerscher, continua incentivando os aviários e pocilgas, mas busca também a diversificação da economia municipal. A empresa Kappesberg é um verdadeiro fenômeno e está contribuindo bastante para o progresso do município. Ainda mais que a empresa está sediada em Tupandi, gerando riqueza e impostos para o município, mas a maioria dos seus funcionários residem em outros municípios. O que aumenta o PIB per capita de Tupandi.
Observe-se que o município que mais progrediu nas últimas décadas, depois de Tupandi, foi São José do Sul. Em apenas dez anos ele saltou da 16ª para a 4ª posição na tabela dos municípios mais ricos. São José é um município sem indústria. Tem a sua economia quase inteiramente dedicada à agropecuária de integração.
DORMITÓRIO
No passado se acreditava que a melhor forma (ou até mesmo a única) forma de desenvolver um município era atrair indústrias.
A tabela do PIB per capita demonstra que a opção pelo modelo da agropecuária integrada é a mais eficaz para o desenvolvimento.
Os municípios que mais progrediram nas últimas décadas foram aqueles que investiram na agropecuária integrada. Os cinco mais ricos da região são Tupandi e quatro outros que seguiram o seu modelo de incentivo aos aviários e pocilgas: Maratá, Salvador do Sul, São José do Sul e Harmonia. Montenegro, Caí, Bom Princípio e Feliz, que investiram na atividade industrial, ficaram para trás.
No estágio mais baixo do desenvolvimento ficaram os municípios que nem deram forte investimento na agropecuária integrada e nem conseguiram atrair boas indústrias.
Este é o caso de Capela de Santana e de Vale Real. Os dois são municípios dormitórios, pois grande parte da sua população trabalha em indústrias instaladas em outros municípios. Elas contribuem para o desenvolvimento dos municípios em que trabalham, mas o município em que moram fica condenado à pobreza.
Para esses municípios, atrair indústrias seria um fator de progresso.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

306 - Estradas municipais asfaltadas



As fotos mostram mais uma estrada asfaltada pela prefeitura de Tupandi: esta, inaugurada em dezembro de 2011, serve à comunidade do Morro da Manteiga

Desde os primeiros anos da sua emancipação, Tupandi tem sido um modelo para os demais municípios do Vale do Caí. Quando se emancipou, há pouco mais de 20 anos, não tinha um metro de asfalto. Hoje, quase todas as suas estradas estão asfaltadas e novas obras estão planejadas para o próximo ano.
Mas Tupandi não é o único município do Vale que tem quase todas as suas estradas asfaltadas.  O mesmo acontece em Bom Princípio, município mais antigo (seis anos mais), que começou a asfaltar mais cedo e hoje tem quase todas as localidades ligadas por rodovias asfaltadas.
Feliz, Harmonia, São Vendelino, Vale Real e Pareci Novo também já fizeram muito neste sentido e agora Linha Nova prepara uma grande obra de asfaltamento.
As prefeituras estão se dando conta de que é mais econômico asfaltar uma estrada do que ficar consertando, constantemente, os estragos que acontecem após qualquer chuvarada.
Asfaltar estradas municipais tem sido iniciativas isoladas das prefeituras, mas já se cogita a contratação conjunta de empreiteiras para a realização de, por exemplo, 20 quilômetros de estrada em vários municípios. A contratação poderia ser feita através do Consórcio Intermunicipal do Vale do Caí. Esta entidade já funciona bem na compra de remédios que, adquiridos em grande quantidade, custam mais barato. O mesmo poderá ser feito com o asfaltamento das estradas.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

305 - No Vale do Caí não tem crise

O PIB per capita de Tupandi, em 2009, indica que o município, hoje, já é de primeiro mundo
Montenegro, Hortêncio, Harmonia, Bom Princípio, Salvador, Maratá, Pareci Novo e Feliz têm a possibilidade de chegar lá nos próximos anos 
Os dados de produção dos municípios custam a ser apurados e divulgados. Na última quinta-feira foram informados, pela Fundação de Economia e Estatística, os dados relativos à produção em todos os municípios do estado. Isso engloba o valor da produção da indústria, comércio, serviços e setor rural. E as notícias não poderiam ser melhores para a região.


O ano de 2009 foi de forte crise mundial. No Brasil, ela não chegou a ser tão séria e o presidente Lula procurou tranquilizar o povo dizendo que era apenas uma marolinha. Mesmo assim, a economia brasileira regrediu. O PIB caiu - 0,06 %. No Rio Grande do Sul, a queda foi até um pouco maior: - 0,8 %.
O Vale do Caí, entretanto, foi uma excessão neste quadro de depressão econômica.
Os dados da produção municipal mostram que o Vale do Caí ficou bem distante do quadro sombrio apresentado pela economia mundial e brasileira naquele ano.
Tupandi foi o município com maior crescimento entre os municípios do Vale: 40 %. Um resultado extraordinário, considerando-se que este município vem constantemente apresentando marcas econômicas excepcionais, há mais de 15 anos.
Mas não foi só Tupandi que se deu bem naquele ano. Barão também cresceu extraordinariamente. Outros municípios, como São José do Hortêncio e Alto Feliz, tiveram crescimento formidável. Harmonia, Linha Nova, Pareci Novo, Bom Princípio e Caí cresceram muito mais que a China, cujo progresso econômico espanta o mundo.
Brochier, Capela, Feliz Montenegro e São osé do Sul, igualmente, tiveram crescimento acima dos chineses. Na Feliz, Salvador, Vale Real e São Pedro da Serra o crescimento econômico foi comparável ao da China.
A única excessão neste quadro de extraordinária pujança econômica foi o rico município de São Vendelino que, em 2009, sofreu uma queda de - 3,3 % no seu Produto Interno Bruto.