quarta-feira, 30 de maio de 2012

318 - O país monomodal


O Brasil já foi país da monocultura (da cana, do café). Depois tornou-se um país monomodal, conforme salienta a jornalista Ataneia Feijó. Desprezando os modais ferroviário e hidroviário, o Brasil, há 50 anos, investe apenas em rodovias. 

O comentário foi reproduzido na coluna de Ricardo Noblat.


"Automóvel e caminhão no Brasil são fetiches? 

por Ateneia Feijó

Há brasileiros que embarcam em avião com destino a um país distante, em busca de um lugar “primitivo” para viver uma grande aventura. Geralmente são jovens de férias ou turistas a fim de emoções fortes. Ah... Se viajassem pelas bandas deste Brasil de ônibus, trem ou barco descobririam que os caminhos temerários estão aqui.
Não, não é brincadeira. Nosso sistema de transporte é absurdamente desconfortável e perigoso para a maioria dos viajantes.
No último domingo (27/05) O Globo publicou a primeira reportagem da série “O Brasil que não viaja de avião” realizada por duas duplas: Henrique Gomes Batista e Liane Thedim; e Domingos Peixoto e Márcia Foletto.
De cara fica explícito que além de investir pouco, o governo investe mal em infraestrutura. Afetando a competitividade do país e a qualidade de vida das pessoas.
Essa história, entretanto, começa bem antes: em meados do século passado. Ou melhor, desde a “era” Juscelino Kubitschek. Afinal, o presidente que construiu Brasília também impulsionou a implantação definitiva da indústria automotiva no Brasil. Inaugurou, em 1956, a primeira fábrica de caminhões (Mercedes-Benz) com motor nacional!
Onde? Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Foi daí que surgiu o maior parque industrial da América Latina, no Estado de São Paulo. Quer dizer, uma vantagem e uma desvantagem para os brasileiros.
A partir dele, o sistema de transporte neste país se tornou irracional. Por quê? Porque não houve um plano para integrar as estradas de rodagem a ferrovias e hidrovias. Elas simplesmente passaram por cima do que já existia e funcionava até direitinho.
Ou seja, todos os investimentos e incentivos foram direcionados à cadeia industrial automobilística, deixando a estrutura ferroviária ao léu.
Sem manutenção e renovação, trens descarrilharam e cidadezinhas que existiam em torno das estações acabaram morrendo junto com elas.
Se tivesse sido diferente talvez hoje fossem médias cidades. E as linhas férreas, modernizadas, um meio de transporte bacana beneficiando pessoas e empresas, facilitando crescimento com sustentabilidade etc.
Não dá para ficar no se, se... Mas nestes tempos ecológicos não daria para mudar a situação surrealista do transporte brasileiro?
Seria a indústria automotiva um fetiche?
Por que os técnicos do governo e a sociedade civil não se conscientizam de que é importante fabricar trens, barcos e navios? Construir linhas férreas, portos, eclusas. Metrô! Sem corrupção."


O Vale do Caí dispõe de uma hidrovia pronta, através do rio Cai e da Lagoa dos Patos, que possibilita o transporte de cargas dos municípios de Montenegro e Capela de Santana até o porto de Rio Grande. Sem necessidade de grande investimento. Com pequeno investimento, a hidrovia poderia chegar até as cidades de Montenegro, Pareci Novo e São Sebastião do Cai. No entanto, este potencial não é aproveitado.
Existe, também, uma magnífica ferrovia que liga o Vale do Caí ao norte do estado, que está sendo subaproveitada. Houvesse um terminal hidroferroviário no rio Caí (nas imediações do Polo Petroquímico, as cargas de soja, trigo e outros produtos, vindas do noroeste gaúcho, chegariam ao porto de Rio Grande com grande economia.

sábado, 5 de maio de 2012

317 - JBS assume a Doux Frangosul

O presidente da JBS, Wesley Batista, anunciou  
que a  empresa assume  as operações 
da Frangosul e pagará  suas dívidas
O anúncio da JBS Friboi, ontem, sexta-feira, na Associação da Doux Frangosul, foi bastante comemorado por funcionários, produtores e por toda a comunidade. A JBS, uma empresa brasileira que é hoje o maior frigorífico do mundo, anunciou o aluguel da Doux Frangosul por dez anos, com a possibilidade de compra de todo o grupo no Brasil. "Estamos assumindo todos os funcionários e o pagamento dos atrasados com os produtores integrados e fornecedores", declarou o presidente da JBS, Wesley Batista. A cerimônia de anúncio, ontem, contou também com a presença de demais diretores da JBS e Doux, do presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia, de secretários estaduais da agricultura, Luis Fernando Mainardi, e de desenvolvimento rural, Ivar Pavan, prefeitos da região e demais autoridades.

O valor do aluguel da Doux Frangosul, incluindo os frigorífico de Montenegro, Passo Fundo e no Mato Grosso, não foi revelado. Mas segundo Wesley Batista serão investidos cerca de R$ 300 milhões em seis meses, incluindo pagamentos das dívidas e capital de giro para a retomada da produção. A projeção é de que na próxima semana, com o início do pagamento dos produtores, voltem a ser alojados frangos nos aviários. "A retomada dos abates será entre 15 e 20 de junho", cita o empresário. Ele garante que os salários dos cerca de 2.700 funcionários serão mantidos em dia e que em 60 dias deverão ser pagos todos os atrasados com produtores, que não recebem desde agosto do ano passado. "É uma excelente empresa para se trabalhar", destaca Aristides Vogt, diretor da Doux, que esteve na França tratando do negócio. Muito elogiado por Wesley Batista, Aristides deverá continuar na empresa durante a fase de transição.

O presidente da JBS revelou que a intenção é comprar todo o grupo Doux Frangosul no Brasil, mas não existe interesse nas unidades da França e da Europa. Sobre a opção pelo aluguel (arrendamento), diz que não havia tempo para negociar a compra. Segundo Batista, se esperasse mais uma semana a Doux Frangosul entraria em colapso e dificilmente seria recuperada. A meta é no primeiro mês abater cerca de 840 mil aves por dia e até setembro alcançar a capacidade máxima de um milhão e cem mil abates.

Anúncio muito comemorado
Prefeitos, representantes dos produtores e dos funcionários, comemoraram muito o anúncio da chegada da JBS e a retomada da produção. Conforme Elton Weber, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), uma reunião com a JBS deve acontecer na próxima segunda-feira, para definir o cronograma de pagamentos. Rigoberto Kniest, da Associação dos Produtores Integrados dos Vales do Caí e Taquari, cita que a intenção é começar a alojar frangos já a partir da próxima semana e em questão de trinta dias devem sair os primeiros lotes. “É o melhor presente no aniversário de Montenegro”, comemorou o prefeito Percival de Oliveira, lembrando os 139 anos do município completados neste sábado, 5 de maio. Ele lembrou que a Doux Frangosul, além do grande número de trabalhadores na indústria e na zona rural, é a maior empresa do município e do Vale do Caí. Só em Montenegro responde por 30% do retorno de ICMS do município. Em torno da Doux Frangosul, agora JBS, gira grande parte da economia da região. A empresa foi a principal responsável pelo crescimento da avicultura, que tanto aumentou a renda dos produtores e dos município.

A comemoração se deve também a chegada em Montenegro e da região de uma grande empresa como a JBS, com capacidade de produção de 9 milhões de aves ao dia. Além disso, a JBS possui unidades em diversos estados brasileiros e também nos Estados Unidos, México e Porto Rico, o que demonstra o seu enorme potencial de crescimento. O número de funcionários, agora somados os da Doux Frangosul, chega a 60 mil no país. Só da Doux Frangosul são seis mil trabalhadores com empregos garantidos e mais os 1.500 produtores integrados, além dos prestadores de serviços, comércio e toda a economia.

Para a gestão da Doux Frangosul, foi criada a JBS Aves Brasil, tendo como presidente James Cleary, um executivo de 47 anos com larga experiência no setor de carnes. Irlandês, ele garantiu que os nomes tradicionais das marcas Frangosul, Doux e Lebon serão mantidos. E a expectativa é de mais investimentos em Montenegro e na região. 

Uma grande notícia para a região
A Frangosul, inicialmente, depois a Doux, tiveram enorme influência no desenvolvimento de Montenegro e da região. Numa época em que indústrias de calçado fechavam, essas empresas foram providenciais ao gerar milhares de empregos diretos e indiretos.

A Doux foi, também, a maior geradora do retorno de impostos para o município de Montenegro, ajudando a prefeitura no custeio da educação e da saúde para a população.

Montenegro deve muito a essas empresas. Mas, mesmo assim, não foi este o município que mais se beneficiou. Mais proveito ainda tiveram municípios como Tupandi, Harmonia, Maratá, São José do Sul e Pareci Novo, que incentivaram a implantação dos aviários que abasteciam a grande empresa montenegrina.

316 - Coopermonte voltará à atividade

Em 2009, a cooperativa montenegrina havia suspendido as suas atividades
No setor rural do Vale do Caí, o tipo de propriedade que predomina é o minifúndio. Uma situação favorável para a produção de leite. Muito próxima de grandes centros consumidores, o Vale tem tudo para se dar bem nesta atividade, como já acontece atualmente com a Cooperativa Piá, de Nova Petrópolis. A boa notícia é que a tradicional Coopermonte, de Montenegro, que havia encerrado suas atividades há três anos, está para votar à atividade. Mais um reforço para o Cluster Agroindustrial do Vale do Cai.
Assim informou o Fato Novo:

Fechada desde 2009, a Cooperativa Mista de Leite e Derivados de Montenegro - a Coopermonte, poderá reabrir em questão de 30 ou 60 dias. A informação é da presidente da cooperativa, Sirlei Francisco, lembrando que já foi realizada uma assembleia com produtores, no último dia 16 de abril, na própria Coopermonte. Na ocasião, foi informado sobre a possibilidade de parceria com outra empresa do ramo de laticínios, que não teve o seu nome divulgado.

A Coopermonte funcionou por cerca de 18 anos, estando sediada na rua Bruno de Andrade do bairro Timbaúva, entre o Presídio (albergue) e a creche do Lar do Menor. Sirlei diz que os equipamentos estão em boas condições e a retomada da produção depende apenas da contratação de pessoal. Atualmente o leite dos produtores da região estaria sendo levado para Paverama e antes era para Nova Petrópolis. 

A presidente acredita que cerca de 115 mil litros por dia podem ser fornecidos para a Coopermonte voltar a produzir o Leite Ibiá, além de creme de leite e bebida láctea. “Em breve estaremos reabrindo”, aposta Sirlei, citando que as dívidas estão sendo sanadas.

Reunião na Câmara
Um encontro para discutir a reabertura da Coopermonte deverá ocorrer na próxima quinta-feira, dia 10, na Câmara de Vereadores. O pedido para a reunião foi aprovado na sessão de quinta-feira passada, através do requerimento do vereador Marcos Gehlen, o Tuco (PT). 

O presidente do legislativo diz que o encontro deverá ter a participação de representantes da Prefeitura e da cooperativa. A expectativa, conforme Sirlei, é de que a Prefeitura e a Câmara de Vereadores possam apoiar a reabertura da Cooperativa através de incentivos, já que se trata de uma grande empresa e que também fomenta a produção agrícola no setor da bacia leiteira
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Saiba porque a cooperativa esteve paralizada:


http://www.fatonovo.com.br/ler.php?id=1749

sexta-feira, 4 de maio de 2012

315 - Fim da crise da Doux

A empresa está inativa há um mês

O Canal Rural veiculou notícia que, sendo confirmada, deverá representar o fim para a penosa crise enfrentada pela Doux, maior empresa gaúcha na produção e exportação de carnes. Sediada em Montenegro e filial do grupo francês Doux, a empresa vinha padecendo de crônico problema financeiro e enterrompeu suas atividades há um mês. Eis a notícia:


Após um longo período de crise da Doux Frangosul no Brasil, a companhia tem um novo controlador. O grupo JBS comprou as operações da indústria de aves e suínos do Sul do país. A empresa está assumindo os ativos e também os passivos da Doux. Os detalhes da operação devem ser apresentados nesta sexta, dia 4.

Além do comunicado formal ao mercado, deve haver um anúncio na cidade de Montenegro, no Rio Grandedo Sul, onde está a sede da Doux.

De acordo com a Associação Gaúcha de Avicultura, a maior parte das aves abatidas pela Doux Frangosul é destinada ao exterior, para cerca de cem países. No Rio Grande do Sul, além de Montenegro, a empresa possui uma unidade em Passo Fundo e conta com mais de 2,5 mil criadores integrados.

Histórico da crise

A crise que atinge os negócios da Doux Frangosul teve início entre 2004 e 2005. No período, a companhia enviava produção para a matriz, na França, mas não recebia o pagamento.  No final de 2008 a situação foi agravada por perdas da Doux relacionadas à disparada do dólar e à continuidade da política da controladora, ainda mais debilitada pela crise global.

Com atrasos nos pagamentos, que chegaram a até seis meses no início de 2012, produtores integrados de aves e suínos do Sul do país, principalmente do Rio Grande do Sul, foram os principais prejudicados pela crise na companhia. Eles chegaram a suspender o alojamento de animais até que a empresa cumprisse promessas feitas para pagamentos dos débitos. Segundo levantamento obtido pelo jornal Zero Hora, as dívidas da empresa somariam R$ 466 milhões.
Conforme fontes que acompanham a situação da empresa, para a retomada a pleno dos negócios seriam necessários cerca de R$ 140 milhões – R$ 37,4 milhões para os produtores, R$ 17 milhões para insumos, R$ 34 milhões para ração, R$ 40,8 milhões para transporte e R$ 10,2 milhões para pagar salários.

No início do ano produtores integrados do Rio Grande do Sul realizaram diversas manifestações, pedindo a normalização nos repasses dos pagamentos.  Em janeiro, pecuaristas chegaram a pedir a interferência do governo do Estado na negociação. O Ministério Público também chegou a intermediar conversas entre produtores e a empresa.

Em fevereiro, o presidente mundial da companhia, Charles Doux, fez uma visita sigilosa ao Estado na tentativa de buscar uma solução para a crise na empresa.  As especulações sobre a venda dos negócios de aves da empresa para o grupo JBS começaram em março. Em abril, a Doux Frangosul suspendeu as atividades no Estado.

JBS
A nova proprietária da Doux Frangosul é o exemplo de uma empresa brasileira que se transformou em multinacional. Foram diversas aquisições nos últimos anos. A empresa começou em 1953 e se transformou numa gigante do setor de carnes. Uma das grandes compras do grupo foi a da Swift Foods, em 2007, em uma operação de US$ 1,4 bilhão. Em 2009, o JBS adquiriu o grupo Bertin, formando a maior rede de frigoríficos do Brasil. Também em 2009, a companhia passou a controlar a Pilgrims Pride, que era a segunda maior produtora de aves dos Estados Unidos, e se transformou na maior processadora de proteína animal do mundo. Hoje o grupo JBS conta com 140 unidades de produção no mundo. Só em 2011 a companhia faturou cerca de US$ 40 bilhões.


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