domingo, 20 de junho de 2010

163 - Navegação, na Europa, é outro nível

O rio Reno é intensamente aproveitado para a navegação (clique sobre a foto para ver melhor)

Uma boa fonte de informações sobre a navegação fluvial no Rio Grande do Sul é o engenheiro Hermes Vargas dos Santos. Uma amostra do seu trabalho é esta postagem que reproduzimos aqui, extraída do seu blog Hidrovias Interiores - RS

Hidrovias Européias: Calados menores, muita carga!

Os países que integram a União Européia (UE) possuem cerca de 30 mil quilômetros de vias navegáveis interiores, das quais mais de 6 mil quilômetros estão localizadas nos Países Baixos (Holanda).

A movimentação de cargas no modal hidroviário interior é da ordem de 465 milhões de toneladas por ano (2005), com a maior participação dos Países Baixos (Netherlands), Alemanha e Bélgica, cuja participação atinge quase 90%.
Os calados são bastante inferiores aos existentes nas hidrovias gaúchas: 97,6% das hidrovias européias apresentam calados inferiores a 17 pés (5,20 m), sendo que a maioria oferece calados em torno de 2,5 metros (8,2 pés).
Nos Países Baixos foram transportadas por hidrovias 317,6 milhões de toneladas (2005), ao longo dos 6 mil quilômetros de vias navegáveis interiores. No território gaúcho, quatro vezes maior que a Holanda, existem cerca de 700 quilômetros de hidrovias interiores, onde são transportadas 4 milhões de toneladas anuais - apesar dos calados serem maiores que os da Holanda, as hidrovias gaúchas movimentam apenas 1,25% do total transportado nos Países Baixos!
Na União Européia, o modal hidroviário é responsável por 6,5% do volume total de cargas transportadas, sendo o restante dividido pelos demais modais - rodoviário, ferroviário e "pipelines", com predominância do modal rodoviário (Países Baixos, 45%; Áustria, 51%; Alemanha, 69%; Bélgica, 70%; França, 78%).


Quais as características geométricas das hidrovias interiores e das embarcações européias? As vias navegáveis interiores da Europa são classificadas em seis classes, a saber:
Classe 0 - Pequenas embarcações (luxemotors, rebocadores, kastjes e péniches riquet).
Classe I - Péniche freycinet, para profundidade de 2,80 metros; Spits (franco-belga), para 2,20 metrros.
Classi III - DEK (Dortmund-Ems-Kanaal), para embarcações maiores, com até 67 metros de comprimento, largura de 8,2 metros e calado de 2,5 metros, com capacidade de até 1.000 toneladas.
Classe IV - RHK (Rhein-Herne-Kanaal), gabarito alemão adotado como norma na Europa Ocidental , no trecho Reno-Herne, para embarcações de até 1.250 toneladas e calado de 2,5 metros.
Classe IV a - variante do tipo anterior, para navios-cisternas (petróleo e gás), que exigem eclusas de 110 metros de comprimento e 3,0 metros de profundidade, sendo que transportam até 1.800 toneladas.
Classe V (ou V a)- Grand Rhénan, é a embarcação-tipo do Rio Reno, com capacidade de 1.600 toneladas/calado 2,7 metros e 3.000 toneladas/calado 3,5 metros.
Classe VI (ou V b) - Para comboios de diversas barcaças utilizando empurrador, com capacidade variando de 4.600, 10.000 até 18.000 toneladas, com até 3,5 metros de calado.
Nas classes I até V, os comprimentos das embarcações variam de 39 a 110 metros, com larguras entre 5 e 11 metros; na classe VI, o comprimento dos barcos é maior,de 115 até 185 metros, para larguras entre 12 e 26 metros (nessa classe os calados variam de 2,70 a 3,50 metros).
Bibliografia: Inland Waterways Freight in Europe (EUROSTAT); Portos Fluviais e Navegação Marítima, "A frota da Navegação Fluvial Européia", Silvio dos Santos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário