Afonso Motta, Advogado e Produtor Rural
ONU prevê um cenário promissor para a produção de alimentos no Brasil, especialmente a de carnes
Não somos nós que mais uma vez estamos afirmando, agora é o recente relatório da Agencia para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas que indica as perspectivas para a agricultura no mundo nos próximos 10 anos.
Segundo o documento, o Brasil, terá de longe no período, expansão superior a 40%, o dobro da média mundial. A expectativa é de maior desenvolvimento econômico global, com aumento das demandas e do comércio, além de elevação dos preços dos produtos agrícolas nos próximos anos.
Vai ocorrer um grande aumento na procura por alimentos, especialmente pela elevação da renda per capita e crescimento da urbanização nos países em desenvolvimento, com grandes contingentes de população. Na medida em que as pessoas vão escalando inclusão nestes países, ocorre também uma tendência de elevação no consumo de produtos como carnes e alimentos processados.
Toda esta realidade, de outra parte, vai alterar profundamente o fluxo comercial global, fazendo com que as referências tradicionais de importação e exportação, assim como as políticas sanitárias e protecionistas, passem por outra qualificação. Em praticamente todas as comodities, as importações e as exportações dos países em desenvolvimento deverão superar as dos ricos.
Por outro lado, o mesmo relatório também mostra que os países em desenvolvimento continuarão a dominar as exportações de grãos e forrageiros. Inclusive, há uma expectativa expressa no documento que o Brasil até 2020 poderá superar os Estados Unidos na exportação de oleoginosas, tornando-se também maior exportado mundial deste produto.
Com relação aos subsídios finalmente cai a “máscara”, com a evidência de que esta subvenção não vai ceder nos próximos 10 anos. Os bilionários benefícios concedidos pelos países desenvolvidos e ricos tendem a aumentar. Isso não impedirá a construção de um cenário promissor para o Brasil. Há evidências claras de que, através da produção de alimentos, estamos diante de uma oportunidade sem precedentes. Será o momento de consolidarmos o nosso desenvolvimento e assumirmos um papel de liderança no mundo globalizado.
O Brasil é o país que mais pode crescer na produção de alimentos. A tendência é de valorização de produtos. E as referências da política comercial internacional, especialmente as barreiras protecionistas devem se modificar para melhor. Diante desta síntese só cabe a mobilização de todos os setores da sociedade brasileira para aproveitarmos esta oportunidade. A começar pelo governo, é fundamental que a política pública destinada à produção tenha este alcance.
Primeiro, a compreensão da dimensão de produzir comida, ser o celeiro do mundo e este fato ter um grande significado estratégico para o País. Precisamos aproveitar bem a vantagem competitiva dos tempos atuais e de um futuro muito próximo.
Segundo, o poder público precisa entender que para competir não pode faltar estímulo ao produtor, financiamento, segurança, preço e incentivos. Que estes estímulos sejam pelo menos equivalentes aos dos demais países que traduzem a política pública para a agricultura em subsídio.
E, terceiro, mas também fundamental, que a produção esteja inserida numa visão política de interesse nacional, do mais amplo interesse público, dentro de um projeto que seja transformador, de forma a amenizar as diferenças sociais e acabar com a pobreza no Brasil.
Só assim, este ajuste indispensável à produção, antes e depois da “porteira”, terá as condições que necessita para garantir a posição de destaque para o Brasil, país que todos os relatórios começam a apontar como “celeiro do mundo” na produção de alimentos.
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