quinta-feira, 24 de junho de 2010

169 - Aula de logística

Terminal de cargas da Cargil, com transferência fácil de cargas entre diferentes modais

O professor Sílvio dos Santos tem enorme conhecimento de logística e os expõe no seguinte artigo, dando uma verdadeira aula, que serve para quem deseja planejar o desenvolvimento de uma região. Aqui se vê as possibilidades de implantação de fábricas ou de distritos industriais junto ao rio Caí, de modo que a produção da fábrica saia por esteira para ser embarcada nos navios que a levem ao porto de Rio Grande.

A integração modal na América do Norte

A execução dos canais no século XVIII, assim como a implantação das ferrovias no início do século XIX, sempre teve a preocupação de integrar os modos de transporte com a produção de grãos nas pradarias americanas e canadenses.

As construções dos primeiros silos mecanizados, popularmente chamados de elevators, por possuírem elevadores para facilitar o carregamento das embarcações e trens, tinham a preocupação de escolher locais nos quais fosse possível concentrar a produção junto aos meios de transporte.

Esse princípio fundamental de reunir em um só ponto todas as facilidades de transporte como vias de acesso, armazenagem e equipamentos de transbordo, moldou toda a infra-estrutura de transporte e terminais da América do Norte, pois os Estados Unidos e o Canadá sempre adotaram uma política unificada dentro desse conceito, inclusive com companhias canadenses operando dentro dos Estados Unidos e vice-versa.

Esse conceito é utilizado também nos dias atuais, como o acordo da Autoridade Portuária do Rio Fraser no Canadá, com aCanadian Pacific Railway, uma das ferrovias canadense, e aCanadian Pacific Elevators, empresa que opera os terminais. Ele possibilita colocar uma parcela importante da produção de trigo canadense nos portos asiáticos com fretes totais competitivos devido à boa integração de toda a cadeia de transporte doGateway Pacific, conforme planejamento previsto até 2020.

Além do uso de vagões especializados para os grãos, o serviço ferroviário integrado permite atender os portos e as grandes cidades americanas com trens expressos de contêineres, transportando todo o tipo de carga geral, integrado com as empresas que fazem as pontas rodoviárias utilizando caminhões.

Mais uma vez, deve ser destacada a importância da integração com operadores rodoviários, pois a ferrovia não tem sempre os trilhos conectados a todos os clientes e, para por isso, elaboram acordos recíprocos dos transbordos com outras estradas de ferro e empresas rodoviárias que servem a esses pontos.

A ferrovia americana é bem integrada com a hidrovia e a rodovia. Em todo o território do País, milhares de terminais de carga possibilitam a transferência de carga entre os modais, como o terminal hidro-ferroviário da Cargill, cuja foto está apresentada a seguir.

A ferrovia americana é bem integrada com a hidrovia e a rodovia. Em todo o território do País, milhares de terminais de carga possibilitam a transferência de carga entre os modais, como o terminal hidro-ferroviário da Cargill, cuja foto está apresentada a seguir.


* Sílvio dos Santos é gerente de Transportes Hidroviários e Marítimos da Secretaria de Infra-Estrutura de Santa Catarina e conselheiro suplente dos CAPs dos portos de Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul. Consultor do Laboratório de Transportes da UFSC e mestre em engenharia pela UFSC. Foi engenheiro do Metrô-SP, Fepasa, Ferronorte e Figueiredo Ferraz. Foi professor de Planejamento de Transportes na Poli-USP e no IME. Na UniSantos, exerceu a função de professor de Portos e Navegação Fluvial. Na UFSC, foi professor de Ferrovias e Portos, rios e canais. Na Única-Florianópolis professor de Transportes e Seguros do Curso de Administração em Comércio Exterior.
silvio@ecv.ufsc.br

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