O alto custo do transporte rodoviário entre o Vale do Cai e o porto de Rio Grande causa enorme prejuízo aos produtores da região |
No artigo que segue, João José Machado demostra uma das causas da dificuldade que os produtores da nossa região enfrentam para tornar seus produtos competitivos. No Rio Grande do Sul, apesar da disponibilidade de um magnífico sistema hidrográfico ligando as principais regiões produtoras ao porto de Rio Grande, ele praticamente não é utilizado. Empresas e produtores primários situados nos vales do Sinos, Caí, Taquari, Jacuí e áreas adjacentes a eles perdem muito devido a este incrível desperdício. Em outros países, e mesmo em outros estados, providências estão sendo tomadas para melhor aproveitar as hidrovias. No Rio Grande do Sul, por inércia imperdoável, isso não vem acontecendo ainda. Justamente o estado que dispõe das melhores condições para tirar proveito desta enorme vantagem competitiva.
O Cluster Agroindustrial de Alimentos do Vale do Caí e os demais clusters existentes na região do Vale do Caí e Serra (os de móveis, de metalurgia, vinícola e outros) teriam um enorme benefício no seu desenvolvimento caso fosse implementada a navegação no rio Caí. Medida que, pelas características naturais do rio, necessita pouco investimento e pode ser realizada, inclusive, pela iniciativa privada.
Vejamos o que nos ensina João José de Oliveira Machado:
FRETES E COMBUSTÍVEIS
© João José de Oliveira Machado
A literatura mundial sobre o transporte de cargas noticia que a relação do consumo de combustível na comparação entre os modais rodoviário, ferroviário e aquaviário obedece à tabela abaixo:
Levando-se em conta apenas o consumo de combustível e considerando o valor de R$ 2,00 para o litro do óleo diesel, significa que, para transportar uma tonelada de carga, a despesa com esse componente atinge, em cada modalidade
CAMINHÃO ........................ R$ 0,08 p/km (100%)
TREM ................................ R$ 0,0232558 p/km (29%)
COMBOIO FLUVIAL .......... R$ 0,0091324 p/km (9,1%)
A variação dos preços dos combustíveis está sujeita a fatores externos os mais diversos – guerras, câmbio, perspectiva de finitude dos combustíveis fósseis, etc. – portanto, fora da área decisória do usuário.
Mesmo levando-se em conta que a produção do biodiesel não depende desse contingenciamento, é inegável que essas circunstâncias influem na fixação dos preços no mercado interno.
Diante disso, impõe-se repensar a opção quase exclusiva pela matriz rodoviária, mormente em nosso Estado, que é pródigo em hidrovias francamente navegáveis. Isto tudo, sem levar em conta outros custos que devem ser considerados, por exemplo, aquisição, manutenção, vida útil e renovação dos equipamentos; mão de obra empregada; risco de acidentes e quebras durante o transporte e os baldeios.
Em síntese, a adoção da ferrovia e da navegação interna, onde são viáveis, constitui-se em quase obrigação cívica daqueles que interferem no sistema econômico.
O consumo perdulário de combustíveis constitui-se em destruição de riqueza e consequente comprometimento do ambiente natural.
Nota do editor:
Observe-se que o gasto com combustível é nove vezes maior no transporte rodoviário do que no hidroviário. Além disto, diminuem muito os custos com mão de obra, seguro, pedágio, manutenção dos veículos e das estradas. O governo se veria menos forçado a realizar obras urgentes, como duplicação de rodovias e a construção de nova ponte sobre o Guaíba. Além disto a produção e as eportações, mais competitivas, aumentariam (juntamente com a arrecadação de impostos). Diminuiriam, também, as mortes e sequelas produzidas pelos acidentes de trânsito.
A estupidez do nosso comportamento econômico chega a ser cômica. Veja a postagem 192 desse blog.
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