É viável a navegação até Rio Grande em comboios de apenas 4 ou 5 chatas? |
Zilton Gomes da Silva, parceiro no entusiasmo pelo retorno da navegação fluvial no Rio Grande do Sul, questionou (em e-mail a nós dirigido) a idéia exposta por nosso colaborador João José Machado: a de que a navegação no rio Caí poderia começar com a utilização de comboios compostos por um empurrador quatro ou cinco chatas (levando 48 a 60 containers. O que não exigiria grandes obras para o seu funcionamento.
Machado responde ao questionamento de Zilton com o seguinte artigo:
O POSSÍVEL E O IDEAL
É da essência humana sempre aspirar ao máximo. Afinal, somos seres em continuada evolução em busca do crescimento e da sonhada perfeição. Esse elogiável atributo, natural vocação do ser que pensa e que age, no entanto, deve ser assimilado com razoável cautela. A sabedoria dos nossos antepassados, com sutil singeleza, naqueles saudosos tempos, insistia nos bordões "quem muito quer, pouco ganha"; "devagar se vai ao longe" e "Roma não foi feita num só dia" e, por aí vai... Apenas, para relembrar esses esquecidos adágios.
Refiro a essas conjecturas para introduzir assunto palpitante e, sobretudo, de urgente enfrentamento. Vejamos. A História do Vale do Caí é pródiga em registros e documentos dando conta de que o Rio Caí, no início do século passado, era plenamente navegável. Sobreveio a Segunda Guerra Mundial e, depois dela, uma paz relativa. Na esteira dessa paz relativa, sob o dourado véu do Progresso, chegou-nos o petróleo, o pneu e a rodovia. (Repito: paz relativa, sim, pois, no momento em que escrevo, muitos matam e muitíssimos outros, morrem!).
Pois bem (ou melhor, pois mal), os nossos prohomens "esqueceram" as ferrovias e as hidrovias. Em termos de transporte de cargas, o caminhão passou a reinar, absoluto. Reinado sem trono! As rodovias, escassas, mal conservadas e congestionadas, de trono não têm mais nada. Para muitos irmãos nossos (mais de mil, no ano que passou), passaram a patíbulo, cadafalso ou morgue.
Essa funesta assertiva encontra indesmentível exemplo na situação do polígono formado pelas regiões da Serra, do Vale do Caí e do Vale do Sinos, com epicentro em Montenegro, onde (em, apenas, 8% do território Gaúcho) se concentram, iguais, 60% do PIB, da População e das exportações do Estado. A magnitude da riqueza aí gerada só tem acesso ao Porto de Rio Grande por via única, a BR-116, Travessia do Guaíba, passando por Pelotas.
Buscando um epílogo. Urge repensar a prática vigorante. A transmodalidade é uma saída.
"Não vamos com muita sede ao pote". De Montenegro, jamais partirão transatlânticos!
O máximo possível são comboios (empurrador e quatro ou cinco chatas) com 60 contêineres (1.500 T, no máximo), pois o Rio Caí, mesmo sendo dadivoso, como é, só tem 60 m de largura e 2 m de calado (não esqueçamos as pontes da Tabaí e a ferroviária).
O ideal só nos levará até o ponto em que estamos!
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