domingo, 8 de maio de 2011

261 - Avicultura e suinocultura são destaque no desenvolvimento do país

No oeste de Santa Catarina, cidades como Concórdia tiveram grande desenvolvimento  graças á produção de frangos e suínos em regime de integração
No site Portal do Agronegócio foi publicada matéria relativa a uma reportagem do Globo Rural comentando o desenvolvimento extraordinários que a avicultura e a suinocultura tiveram no Brasil na última década.  A matéria foi escrita cinco anos atrás, em 2006, mas vale a pena lê-la, pelas excelentes informações que contém:


"No sítio de Hélio Gastmann, em Concórdia, oeste de Santa Catarina, sempre tem galinha gorda no terreiro.
"Dou milho e quirela para elas comerem. Para o frango engordar, nesse sistema, leva de seis a sete meses", diz seu Hélio. Seu Hélio também lida com suínos caipiras criados no chiqueirão. Os animais comem milho, capim, restos da cozinha.
"Nesse manejo leva de sete a oito meses para eles engordarem", conta seu Hélio.
A criação é para o gasto de casa. Seu Hélio só vende o que sobra, mas até o começo da década de 60 boa parte do frango e do suíno consumidos no Brasil saía de criações como essa.
O zootecnista Elsio Figueiredo, chefe da Embrapa de Suínos e Aves de Concórdia, explicou que para chegar aos animais modernos foi preciso muita pesquisa, principalmente em genética.
"A fêmea, que chamamos de matriz, é o resultado da raça landraci com nagiwhite. Ela apresenta as características de ser uma boa mãe. Ela produz uma média de 12 leitões e, além da alta produção leitões e de leite e da grande capacidade de ingestão de alimentos, ela tem que comer seis quilos de ração por dia para produzir leite para todos os leitões, ela tem que ter longevidade. Tem que ser uma fêmea que tenha bons aprumos, que sustente essa produção intensiva", diz Figueiredo.
O cachaço, normalmente, é resultado do cruzamento entre três raças.
"Nessas raças, as características que a gente enfatiza mais são a espessura de toucinho, eficiência alimentar e maior fertilidade. Então, são características de macho", analisa Elsio.
Essa mistura de raças gerou leitões que chegam ao peso de abate em torno de 100 quilos em apenas 150 dias, com um rendimento de carcaça superior a 70%.
Com o frango, a evolução foi ainda mais espantosa. Em 1985, o Brasil produziu pouco mais de um milhão de toneladas de carne de frango. Hoje, o abate chega a quase 8,5 milhões de toneladas.
Na década de 60, começava a ser implantada no oeste de Santa Catarina, o sistema que iria transformar totalmente a forma de produzir suíno e frango no Brasil: a chamada integração.
Nesse sistema, a indústria fornece pintinhos, a ração, medicamentos e assistência técnica. O criador entra com as instalações e toda a mão-de-obra. A parceria entre produtor e empresa levou a tecnologia para dentro das granjas. Hoje, nosso frango sai de criações sofisticadas como esta no município de Ribeira.
Tudo lá é automático e controlado pelo computador, até o clima, como explicou o veterinário Francisco Bersch, veterinário.
"Esse galpão se diferencia, principalmente pelo aspecto de climatização que permite mais conforto térmico às aves. Temos pequenas entradas de ar numa das pontas do galpão e que são controladas com painel eletrônico que, ao mesmo tempo que fazem abertura programada das cortinas, fazem a abertura dos exaustores no fundo", disse Bersch.
Para poder entrar numa granja moderna, somente vestindo um uniforme apropriado, para evitar que o visitante leve no calçado ou na roupa algum tipo de doença para dentro do aviário.
O cuidado com a saúde das aves evoluiu bastante nos últimos 20 anos. Hoje, o pintinho recebe boa parte das vacinas antes mesmo do nascimento, ainda dentro do ovo. Saudável, com boa genética, tratado com ração balanceada e criado em ambiente confortável, o frango cresce rápido. Em um mês e meio está pronto para o abate.
Em 1965, uma empresa abatia 170 mil frangos por ano. Hoje, contando todos os frigoríficos que tem espalhado pelo Brasil, o abate chega a quase 1,7 milhão de aves por dia. Quer dizer que o tempo que eu gastei para dizer esse texto mais de 600 frangos foram abatidos.
Com preço bom e qualidade, o frango brasileiro conquistou também o mercado internacional. Um terço da produção vai para o exterior.
"Os mercados que mais consomem são o mercado japonês, mercado comum europeu e os Emirados Árabes", disse Altemir Sampaio, gerente industrial.
Em 2004, o Brasil foi o maior exportador de carne de frango do mundo. Nessa linha de desmontagem, as empresas preparam mais de 150 cortes diferentes. Tudo para agradar o gosto do freguês por mais distante que ele possa estar. É o que contou do Japão, o repórter Carlos Dorneles.
O Japão é bem menor do que o Brasil, mas a população é enorme. São quase 130 milhões de habitantes, 27 milhões vivendo na área metropolitana de Tóquio, a capital. A carne de frango é um dos pilares da culinária japonesa.
Tanto que os importadores tiveram que agir rápido quando a epidemia de Influenza Aviária reduziu drasticamente a produção das granjas de diversos países da Ásia. Sem poder contar com os fornecedores tradicionais, a solução foi comprar mais do Brasil.
Koji Nimura é diretor de importação e disse que a empresa parou de comprar frango da China, Tailândia e Estados Unidos. Hoje, é do Brasil que vem 90% das importações japonesas de frango, mas Nimura disse que pensa em negociar com outros países, como Chile e Filipinas, que seriam uma reserva estratégica se a gripe aviária também atingir o Brasil.
Nilton Webber é representante comercial de um frigorífico brasileiro que exporta mais de oito mil toneladas por mês para o Japão.
"Eu diria que não só mais empresas entrarão, como aquelas que tiverem condições de crescer, aumentarão seus volumes para o mercado japonês e aquelas que vierem a querer entrar no mercado e que ainda não estão participando terão que passar por uma fase de adaptação de melhoria de suas qualidades e adaptação às exigências do mercado japonês, que é um mercado muito exigente em relação à qualidade e especificação", explicou Webber.
De que frango, afinal, nós estamos falando até agora? Não de peito, com certeza. O peito de frango é carne de segunda no Japão. Os japoneses gostam mesmo é de perna, asa, pé e outras miudagens que fariam o brasileiro torcer o nariz.
Tem partes do frango que no Brasil a gente simplesmente bota fora. Lá, vale ouro. Um pacote de cartilagem de frango é vendido a mil yenes, o equivalente a R$25,00 o quilo.
É a cartilagem tirada do peito ou da rótula, o joelho do frango. No Japão, são assadas no espeto, um tradicional aperitivo nos bares lotados de executivos.
Ele é temperado com sal, mais nada, tem gosto de cartilagem com sal. O gosto é bom, mas o comércio entre os dois países nunca dependeu tão pouco dos sabores, das preferências de cada povo. O frango brasileiro, cada vez mais, é o rei dos supermercados japoneses."

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